“Olá, boa noite, quem está primeiro?”, a vendedora perguntou. “Nós”, responderam. Era um jovem casal, com um bebê recém-nascido. A vendedora aproximou-se. “Boa noite. O que vão querer?”, ela perguntou ao casal. Silêncio. Sem ouvir nenhuma resposta, ela repetiu a pergunta. O silêncio persistia. Eu virei para o casal, percebi que o homem mexia a testa, olhava para a vendedora, olhava para a salada, a testa franzia, mirava a salada e, depois, a funcionária. Enquanto a atenção da moça se voltava ao homem, eu voltei-me para a salada. Lá estava. Pânico. Já um pouco impaciente, a atendente insistiu: “O que desejam, por favor?” O marido da jovem mãe entendeu que a linguagem gestual não servia e, finalmente, disse: “Uma barata.” Olhamo-nos. “Uma barata?”, Murilo inquiriu-me. “Onde?”, continuou. “Na salada,” eu falei, “mas só na laranja.” A vendedora, prontamente, saiu em direção ao interior da loja de sopas, carregando o recipiente de laranja com a barata em pleno momento de refeição. Olhamo-nos todos, inclusive o casal participou desse diálogo sem palavras. Ponderávamos se ficaríamos ali ou não. Ora, se a cumbuca das rodelas de laranja estava próxima das outras cumbucas contendo alface, tomate, ervilha, atum etc., não seria difícil imaginar que a barata tivesse participado de um baquete. Antes de decidirmos, chegou outra vendedora: “Já se decidiram?” O pai do bebê disse para a nova funcionária: “Havia uma barata na salada.” Ela respondeu: “Sim, mas a barata é do shopping. Já viram as nossas opções de menu?”
Devolvemos a nossa bandeja ao seu lugar, perto do balcão da salada. Saímos rapidinho. “Eu não sabia que barata de shopping tinha outro status“, Murilo comentou desapontado. “Qual será o sabor?”, eu continuava com fome. “Eca! Só de lembrar quantas vezes comemos aí”. “Achei que passou a minha fome”, eu já desistia. “É possível que já tenhamos comido barata”, Murilo concluiu. “Melhor parar”. O meu estômago estava embrulhado, a noite foi agitada.
Meninos… como já trabalhei em restaurante de shopping aqui, por norma, não tomo sumo daquelas máquinas. Um dia conto o que encontramos dentro…
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Ansioso para saber o que encontraram, mas, a partir de hoje, eu seguirei o seu exemplo, Gleici: também não beberei daqueles sucos.
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É a chamada barata fina, ou barata cara 🙂
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Vegetariana também: estava do lado da salada. 😛
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Tantas baratas, que nossos sitema digestivo já deve estar para lá de imune. Todavia, o olhar ainda não consegue ‘comer’ uma barata…
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Barata com gosto de laranja, será?
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