1.
sonhos,
projetos,
trajetórias
incinerados.
.
não é (do) direito,
é?
2.
esse
que oprime,
que tolhe,
que caça
e cassa.
.
esse
que dissimula
e inventa
verdades.
.
esse
que produz
e fortalece
mentiras.
.
esse
que tiraniza
o direito que
alguém pensou
conquistado.
.
esse direito
destro-sinistro.
(GRITO!)
3.
direito
tão torto
nunca se viu um
como o da terra
de todas as castas
em convivência
democrática e pacífica.
.
o sociólogo o disse,
mas não rias, pois
o pobre do homem
de tão rico
nunca saiu da casa-grande
e sempre nos quis na senzala.
.
o homem foi capaz
de falar e construir teorias,
de prender-nos em laudas
que nos eram proibidas,
de fingir uma tal
de democracia das raças.
4.
crês nisto
de democracia?
eu nunca.
.
e nisto
de governo
do povo?
.
não existe este
vocábulo
no dicionário?
.
será
de uma língua
morta?
.
será
de uma mão
que mata
a democracia
e algumas raças.
5.
CUIDADO!
.
praticantes de um direito
destro e sinistro
ameaçam-nos.
.
eles
golpearam-nos
a esperança de treze anos,
agora condenada
a decênios de quarentena,
a outros séculos de sofrimento.
É poema! Gritemo-lo! ❤
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P O EEE M AAAAAAA!!!!! jejejejeje…
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Este poema merece ser gritado em todas as praças do Brasil.
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Murilo, é engraçado que eu não consegui classificá-lo como poema, mas, se o vês assim, fico bem grato e contente. ❤
Mas, sim, o grito é mais do que necessário diante da traição de que fomos vítimas.
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Cássio, também me soa bem o “crês” no teu texto.
E agora reparei que usaste grito, bem vincado por maiúsculas, no final do número 2. 🙂
(Gosto de fazer esses exercícios em relação a títulos ou outros pedaços… Quase uma mania!)
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Também tenho disto. 😀
Agora, quanto ao título, ponderei e resolvi deixá-lo como de início. Foi interessante assumir a minha necessidade de gritar, mas como será que outro/a leitor/a poderá recebê-lo? Um simples desabafo, um pranto, um alerta ou um grito rebelde e guerreiro contra os opressores? Conjecturando… 😀
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… Pensando mais: provavelmente é o imperfeito do verbo crer.
… Crias é, simultaneamente, uma forma do verbo crer e criar e depois surgem estas dúvidas.
Agora parece-me ser do verbo crer.
Ufa, a língua portuguesa tem destas coisas. 🙂
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Isabel, reflecti e concluí que ‘[tu] crês’ me cai melhor naquela construção. Lembrei-me de que gostaria de ter posto ‘creste’, mas não me soou bem naquele momento. Então, “crês nisto de democracia?” ficou bem. Obrigado.
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Cássio, primeiro fiquei na dúvida se no 4, não seria “crês” ou “querias”? Parece “crês”… Ou é mesmo crias, de criar? Pergunto porque a ser diferente muda o sentido. Não leves a mal.
Se me pedissem para arranjar um título alternativo para este texto e que tivesse apenas uma palavra, chamar-lhe-ia ‘grito’.
“Direito tão torto nunca se viu…” – Verdade e é muito mau que tenhamos que dizer isto em países com regimes designados de democráticos.
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Isabel, desculpa-me a demora em responder. Penso em rever o título a fim de inserir a tua sugestão. “GRITO contra o direito destro-sinistro”, quiçá, é uma melhor opção, pois assumo que, quando escrevia, canaliza a necessidade de liberar um grito há dias encarcerado.
Quanto ao verbo, de facto, é o ver ‘crer’. Inicialmente, usei o verbo ‘acreditar’ no pretérito perfeito, mas, depois, resolvi trocar por ‘crer’. E, agora, não recordo o porquê de pô-lo no imperfeito. Agora, já retorno lá e analiso qual deles atende melhor o propósito do meu ‘grito’.
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