Feliz dia em que Maria pariu!

25 de dezembro é referido como o dia do nascimento de Cristo, mas poderia ser bem lembrado como o dia do parto de Maria.

E não foi fácil, imagino. Refiro-me ao parto. Não havia centro médico nas redondezas, ambulâncias e outras facilidades de hoje em dia. Ela praticamente fez tudo sozinha. José estava ali, mas quem sabe como ele agiu? Será que teve paciência com a pobre virgem prenha, a sofrer as dores da gravidez, no chão de uma manjedoura, depois de inúmeras horas a peregrinar de Nazaré a Belém?

Foram léguas a andar e a sentir dores que anunciavam a iminente parição. Isso, sob alta tensão, devido ao decreto real que obrigara toda a gente a deslocar-se longas distâncias para participar de um censo. Imaginem a então futura mãe, preocupada com o seu corpo, mas perturbada em meio à desordem social, ao tumulto causado pelas ordens de um governante corrupto e injusto. As pessoas encontravam-se ansiosas, aflitas, angustiadas. Imaginem Maria.

Mal chegou a Judeia. Não teve jeito. Foi ali mesmo, na manjedoura. Nasceu o menino. E o censo? Que se danasse o censo. Era parir ou parir. Depois, só descansar.

Descansar? Quem disse que Maria pôde? Surgiram uns indivíduos a trazer presentes para o recém-nascido. Maria estava exausta da viagem, do parto e de tudo, mas, sorridente, esteve disponível a todos.

Sinceramente, não sei como resistiu. Parir em qualquer local e sem os devidos cuidados médicos é tornar-se suscetível de contrair alguma doença, bactéria, hemorragia, sei lá o quê… E ainda, em meio a tudo isso e sem o devido repouso, ficou sob o risco da depressão pós-parto.

Não sei como Maria não ficou depressiva pelo resto da vida. Como tratariam a sua depressão naquela altura? Só Deus para responder. Dizem que ele sabe tudo.

Agora, ainda mais sinceramente, o parto de Maria foi difícil naquela época e continua a ser. Atualmente, muitos de nós insistimos em não reconhecer o papel central que Maria exerceu em toda a história. Lembramo-nos do pai e do filho e, não raramente, esquecemo-nos da mãe.

Gostaria de desejar a todas e todos boas festas natalinas, mas com mais amor às mães, pois ninguém merece passar por todas as dores do parto, para depois ser injustiçada, recebendo como prêmio o silenciamento ou mesmo apagamento da sua voz na narrativa oficial.

Feliz dia em que Maria pariu!

Advertisement

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s