Como descriminar quem incrimina o celular?

Há tempos, um amigo mandou-me uma mensagem no WhatsApp a partilhar a sua ideia de investigação para o trabalho de conclusão do seu curso de graduação, o famoso TCC. Muito entusiasmado, ele gostaria de saber a minha opinião sobre o seu tema de pesquisa, que, citando as suas próprias palavras, seria “a descriminação sofrida pelo homem do campo quanto a sua linguagem”.

DESCRIMINAÇÃO? Estranhei o uso do vocábulo, mas, em primeiro lugar, congratulei-o pelo empenho em levar a vida académica a sério. O ingresso no ensino superior era-lhe um sonho antigo e fora alcançado havia menos de um ano. Mesmo com mais da metade do curso pela frente, ele já se preocupava com o TCC, ou seja, com o final do percurso.

Depois dos parabéns, julguei coerente chamar-lhe a atenção para os problemas linguísticos na sua frase. Afinal de contas, além de ser um estudante universitário, ele cursava uma licenciatura em língua portuguesa.

“Afinal, qual foi o crime cometido?” — perguntei-lhe por gracejo, na tentativa de que ele revisasse a frase e identificasse o emprego equivocado do substantivo descriminação. Imaginei que não fosse agradável enviar-lhe uma mensagem do tipo «Olhe, você escreveu errado e pá, blá, pá, pá, blá, blá». Optei pela sutileza, pensei eu, mas não surtiu o efeito expectado. Talvez lhe tenha soado como ironia ou sarcasmo.

“Que crime?” — disse-me, ignorando o erro linguístico e, com um tom quase agressivo, arrematou o seu descontentamento com o seguinte: “Este é o tema. Não entendeu, não, foi?”

Após essa reação, restou-me o confronto direto. Enviei-lhe a seguinte mensagem: “A DISCRIMINAÇÃO sofrida pelo homem do campo quanto À sua linguagem”. Todavia, sem o efeito esperado. Ele repetiu-me que era aquele o seu objeto. Explicou-me o significado do enunciado, do enunciado corrigido por mim, pois o dele produzia outro efeito de sentido. Depois, justificou-me a sua escolha.

Sem pestanejar, expliquei-lhe a diferença semântica entre os substantivos descriminação e discriminação. Conquanto não conste em todos os dicionários, o primeiro é mais utilizado no Brasil do que em Portugal. É formado a partir da junção do prefixo des e do sufixo ção à raiz do verbo criminar, que, por sua vez, é sinónimo de criminalizar e incriminar. O seu significado refere o ato de inocentar alguém acusado de ter cometido um crime. Por sua vez, o segundo substantivo é formado a partir da junção do sufixo ção à raiz do verbo discriminar e denota o ato de distinguir, diferenciar, julgar a partir de preconceitos sociais ou características de outra ordem. Acreditava eu que estivesse a contribuir para os primeiros passos do projeto de investigação. No caso, a simples adequação vocabular ajudaria a apresentar o seu objeto de estudo com clareza.

Porém, o meu interlocutor revelou o desconforto e a ofensa que eu lhe causara: “Eu peço ajuda e tu vem corrigir”. Acrescentou: “É claro que sei a diferença”. Nem por isso, deixou de dar uns pontapés na língua.

Se sabia a diferença entre os substantivos, perguntei-me a mim mesmo, qual a razão de não corrigir os equívocos a tempo? Como eu poderia ajudá-lo sem a emenda linguística? Negligenciar a descuido de um amigo e ainda colega não seria um comportamento honesto da minha parte, principalmente na condição de revisor de texto e professor de português.

De todo modo, esquivei-me de qualquer reparo às suas falas, pois, se eu comentasse algo a respeito da conjugação do verbo quando o sujeito é a segunda pessoa do singular, não sei o que aconteceria. Ele seria capaz de escrever em letras capitais: «LÁ VEM TU DE NOVO!” Resolvi nada referir quanto à concordância verbal, pois não sei se perceberia se eu lhe dissesse: “Agora, tu vens com outra calinada”.

Silenciei-me para evitar indisposições e até animosidades. Além do mais, era ele quem me solicitava a opinião sobre o seu objeto de investigação. Se fosse o contrário, digo, ele a alertar-me sobre algum erro gramatical que eu cometera, eu agradecer-lhe-ia o favor. Confesso que me envergonho quando negligencio o nosso idioma. Esperava do colega — e amigo — uma reação que não aquela, principalmente por se tratar de um futuro professor da nossa língua materna.

Passados alguns minutos, enviou-me o seguinte: “A culpa é deste celular, que corrige tudo errado”.

Respondi-lhe: “Compreendo, pois, às vezes, a tecnologia complica”. Disse-lhe isto, mas convicto de que não era o caso.

Depois de minutos, mandou-me um “É”, bem seco.

“Mas não há como descriminar quem incrimina o celular” — insisti.

“Sei” — enviou-me, mais seco do que o “é”.

“Até porque tu serás um professor de português, não é?!”

Ficou off-line.

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12 thoughts on “Como descriminar quem incrimina o celular?

      1. (Avantajado no tamanho 😉 Não te iludas.Depois aquilo começou a pedir-me palavras-passe e a perguntar-me se era mesmo eu… E esfumou-se quando dei a ordem.Vou tentar alinhar a ideia, com rascunho à parte, não vá ele continuar a pensar que eu sou outra ;))

        Como se trata de um trabalho académico e de investigação, é preciso ser-se rigoroso na linguagem, e ele até devia estar bastante desperto para isso, assim como a ouvir reparos, sugestões e opiniões. Tanto mais que foi ele que te enviou a mensagem para saber a tua opinião. Mas ele queria saber a tua opinião ou queria legitimação e confirmação?

        Saindo deste universo da linguagem, o que faço.

        Na generalidade, com as pessoas com as quais a relação é superficial, de ‘escritório, uma relação do tem de ser sem ligação especial, só dou opiniões se mas pedem. E digo mesmo a minha opinião, mesmo que perceba que a pessoa quer legitimação e massagens ao ego. Eu acho que é desonesto não agir assim, não dizer o que se entende, tanto mais que quando peço uma opinião é mesmo para saber o que o outro lado pensa e isso ajudar-me a tomar posição sobre o assunto. Constato que na maior parte das vezes em que se expressa uma opinião ou gostos contrários, por vezes só um pouco diferentes, isso não é bem aceite e há a tendência para ser tomada a parte pelo todo (como se o não gostar de algo da pessoa ou divergir na opinião, seja não gostar da pessoa).

        Tenho reparado com desagrado haver um expressivo terreno deste tipo agreste, às vezes violento, nas caixas de comentários de blogues, quando se foge ao que a pessoa defende. O que é uma contradição. Porque a pessoa está a publicar num espaço de acesso público e tem caixa de comentários. (Se não quer receber, feche-os; se só quer conversar com quem lhe passa a mão pelo ombro e não quer discutir ‘versões’ diferentes, restrinja a coisa a convidados. (Nunca estive em blogues restritos a convidados; julgo que não gostaria; acho mesmo que não aceitaria, se soubesse à partida.)Existem mais situações destas em blogues de mulheres do que de homens.

        Com as pessoas com as quais tenho uma relação próxima, que sei não terem macaquinhos na cabeça e que se pode falar à vontade, às vezes dou opiniões e faço reparos sem que me peçam, e digo sempre qual é a minha opinião. Algo que acontece naturalmente, sem cobranças ou pedras no sapato.

        Mas não o faço sobre tudo. Por exemplo, o que é da personalidade da pessoa, as manifestações afectivas, o que é mais intrínseco, etc., sobre isso não faço reparos, a não ser que tenha havido uma prática que prejudicou alguém.Se estou é porque quero estar e relacionar-me com aquela pessoa como é, e não com alguém diferente que há na minha cabeça. O diferente, se não é relevante no todo e não gera infelicidade, é só diferente. 

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      2. (Avantajado no tamanho 😉 Não te iludas.Depois aquilo começou a pedir-me palavras-passe e a perguntar-me se era mesmo eu… E esfumou-se quando dei a ordem.Vou tentar alinhar a ideia, com rascunho à parte, não vá ele continuar a pensar que eu sou outra ;))

        Como se trata de um trabalho académico e de investigação, é preciso ser-se rigoroso na linguagem, e ele até devia estar bastante desperto para isso, assim como a ouvir reparos, sugestões e opiniões. Tanto mais que foi ele que te enviou a mensagem para saber a tua opinião. Mas ele queria saber a tua opinião ou queria legitimação e confirmação?

        Saindo deste universo da linguagem, o que faço.

        Na generalidade, com as pessoas com as quais a relação é superficial, de ‘escritório, uma relação do tem de ser sem ligação especial, só dou opiniões se mas pedem. E digo mesmo a minha opinião, mesmo que perceba que a pessoa quer legitimação e massagens ao ego. Eu acho que é desonesto não agir assim, não dizer o que se entende, tanto mais que quando peço uma opinião é mesmo para saber o que o outro lado pensa e isso ajudar-me a tomar posição sobre o assunto. Constato que na maior parte das vezes em que se expressa uma opinião ou gostos contrários, por vezes só um pouco diferentes, isso não é bem aceite e há a tendência para ser tomada a parte pelo todo (como se o não gostar de algo da pessoa ou divergir na opinião, seja não gostar da pessoa).

        Tenho reparado com desagrado haver um expressivo terreno deste tipo agreste, às vezes violento, nas caixas de comentários de blogues, quando se foge ao que a pessoa defende. O que é uma contradição. Porque a pessoa está a publicar num espaço de acesso público e tem caixa de comentários. (Se não quer receber, feche-os; se só quer conversar com quem lhe passa a mão pelo ombro e não quer discutir ‘versões’ diferentes, restrinja a coisa a convidados. (Nunca estive em blogues restritos a convidados; julgo que não gostaria; acho mesmo que não aceitaria, se soubesse à partida.)Existem mais situações destas em blogues de mulheres do que de homens.

        Com as pessoas com as quais tenho uma relação próxima, que sei não terem macaquinhos na cabeça e que se pode falar à vontade, às vezes dou opiniões e faço reparos sem que me peçam, e digo sempre qual é a minha opinião. Algo que acontece naturalmente, sem cobranças ou pedras no sapato.Mas não o faço sobre tudo. Por exemplo, o que é da personalidade da pessoa, as manifestações afectivas, o que é mais intrínseco, etc., sobre isso não faço reparos, a não ser que tenha havido uma prática que prejudicou alguém.Se estou é porque quero estar e relacionar-me com aquela pessoa como é, e não com alguém diferente que há na minha cabeça. O diferente, se não é relevante no todo e não gera infelicidade, é só diferente. 

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      3. (Avantajado no tamanho 😉 Não te iludas.Depois aquilo começou a pedir-me palavras-passe e a perguntar-me se era mesmo eu… E esfumou-se quando dei a ordem.Vou tentar alinhar a ideia, com rascunho à parte, não vá ele continuar a pensar que eu sou outra ;))

        Como se trata de um trabalho académico e de investigação, é preciso ser-se rigoroso na linguagem, e ele até devia estar bastante desperto para isso, assim como a ouvir reparos, sugestões e opiniões. Tanto mais que foi ele que te enviou a mensagem para saber a tua opinião. Mas ele queria saber a tua opinião ou queria legitimação e confirmação?

        Saindo deste universo da linguagem, o que faço.

        Na generalidade, com as pessoas com as quais a relação é superficial, de ‘escritório, uma relação do tem de ser sem ligação especial, só dou opiniões se mas pedem. E digo mesmo a minha opinião, mesmo que perceba que a pessoa quer legitimação e massagens ao ego. Eu acho que é desonesto não agir assim, não dizer o que se entende, tanto mais que quando peço uma opinião é mesmo para saber o que o outro lado pensa e isso ajudar-me a tomar posição sobre o assunto. Constato que na maior parte das vezes em que se expressa uma opinião ou gostos contrários, por vezes só um pouco diferentes, isso não é bem aceite e há a tendência para ser tomada a parte pelo todo (como se o não gostar de algo da pessoa ou divergir na opinião, seja não gostar da pessoa).

        Tenho reparado com desagrado haver um expressivo terreno deste tipo agreste, às vezes violento, nas caixas de comentários de blogues, quando se foge ao que a pessoa defende. O que é uma contradição. Porque a pessoa está a publicar num espaço de acesso público e tem caixa de comentários. (Se não quer receber, feche-os; se só quer conversar com quem lhe passa a mão pelo ombro e não quer discutir ‘versões’ diferentes, restrinja a coisa a convidados. (Nunca estive em blogues restritos a convidados; julgo que não gostaria; acho mesmo que não aceitaria, se soubesse à partida.)Existem mais situações destas em blogues de mulheres do que de homens.

        Com as pessoas com as quais tenho uma relação próxima, que sei não terem macaquinhos na cabeça e que se pode falar à vontade, às vezes dou opiniões e faço reparos sem que me peçam, e digo sempre qual é a minha opinião. Algo que acontece naturalmente, sem cobranças ou pedras no sapato.Mas não o faço sobre tudo. Por exemplo, o que é da personalidade da pessoa, as manifestações afectivas, o que é mais intrínseco, etc., sobre isso não faço reparos, a não ser que tenha havido uma prática que prejudicou alguém.Se estou é porque quero estar e relacionar-me com aquela pessoa como é, e não com alguém diferente que há na minha cabeça. O diferente, se não é relevante no todo e não gera infelicidade, é só diferente. 

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      4. A moderação está activa somente para a primeira interação. Os teus comentários estão automaticamente liberados. Deve ter sido problema com o WordPress. Há um tempo, eu não conseguia fazer comentários nem mesmo gostar das publicações alheias, pois o WordPress ficava a exigir-me “log in”, mesmo quando eu já estava conectado à plataforma. Às vezes, não entendo o que se passa com a plataforma.

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  1. Cássio, para o caso – trabalho académico, investigação – faz sentido que se seja rigoroso com o vocabulário e que a linguagem em causa não suscite dúvidas. Daí também fazer (mais) sentido que lhe dissesses, e até fizeste ao próprio, com recato, sem ‘publicidade’. O outro lado não mostrou abertura para rever, o que é mais estranho porque o interesse maior devia ser dele.

    Saindo desta questão da linguagem, tenho-me apercebido que são mais as vezes que as pessoas não gostam de opiniões e de observações diferentes das que emitem (mesmo quando as pedem) do que as situações em que as acolhem bem. Isto leva-me a interpretar que se pede uma opinião à espera de uma legitimação ou aprovação, e de massagens ao ego, em vez daquilo que a pessoa realmente pensa.
    (Estou aqui a escrever e ao mesmo tempo a pensar que tenho visto uma porção disto ultimamente, quase exclusivamente em blogues de mulheres, com derivações para a ofensa. Interrogo-me sobre as razões de terem espaço para comentários…)

    O que costumo fazer.
    No geral, quando alguém me pede uma opinião, digo a minha opinião, independentemente de a pessoa querer mesmo uma opinião ou de querer massagens ao ego. (“Deves ter muitos amigos, deves” 😉 Pois…). Em ‘espaços públicos’ como os blogues, também.
    Se alguém me tratar mal pelo facto de ter opinião diferente, tendo pedido a minha opinião, o mais provável é que não volte a dá-la mesmo que peça, pelo menos sem que lhe avive o sentido do que é pedir uma opinião. ‘Só’ porque não há tempo/energia que queira usar nesse registo afunilado.

    Às pessoas com quem tenho muito à vontade, que gosto e funcionam de forma semelhante em relação a este tipo de coisas, maneira de estar parecida, etc. dou opiniões às vezes sem que me perguntem (sobre assuntos que entendo poder; nada que tenha a ver com personalidade), assim como faço reparos, se for o caso, mas sempre em privado. É uma coisa natural e tranquila entre mim e essas pessoas. Também gosto que ajam assim comigo. Nem têm que seguir o que disse ou eu seguir o que me dizem, e ninguém se aborrece. É natural ser e fazer coisas diferentes, outras iguais.

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    1. Isabel, muitíssimo obrigado pelo comentário.
      De facto, acredito e defendo o rigor com o vocabulário e com a forma como alguém pretende expressar as suas ideias no campo académico, mas não só. Assusta-me o descuramento de alguns colegas com a escrita académica. Estou longe de ser perfeito, mas gosto de aprender e quero aprender, principalmente no trabalho com a nossa língua.
      Dizes algo que nos salta aos olhos ultimamente: a indisposição de muita gente para receber críticas, mesmo que construtivas, enquanto que muitos facilmente tendem a criticar agressiva e negativamente tudo e todos. Neste último caso, o que vejo é que, quando faltam argumentos, o insulto é o recurso mais fácil. Essas práticas evidenciam-se no espaço virtual, seja este de cariz académico seja de conteúdo de outro carácter.
      A ansiedade por “likes” reflete muito essa indisposição de muitos colegas para aceitar e respeitar opiniões divergentes. Prefiro ficar em silêncio, se for para massagear egos. E, se for para ficar a receber ofensas ou coisas do tipo, como sugeriu Luís Rodrigues, “mais vale ficar calado ou falar com os próprios botões”. E, como dizes tu, “O diferente, se não é relevante no todo e não gera infelicidade, é só diferente”.
      Quero acreditar também que sempre podemos aprender com o diferente.

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  2. muita intolerância se vê por aí
    mas intolerância, sobre o que se diz ou pensa em voz alta
    saltam logo as virgens ofendidas, muitas vezes a bater a porta com violência

    mais vale ficar calado ou falar com os próprios botões
    falar só para dizer bom dia, falar sobre o tempo ou passar elogios que nem são sentidos, a modos de óleo social

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    1. Admito que a minha vontade de ajudar o meu colega em relação ao uso da língua possa ter sido interpretada por ele como uma atitude intolerante. Se assim o foi, tento compreendê-lo, uma vez que há muita gente por aí a exercer intolerância em nome da gramática.

      De facto, as intolerâncias correm soltas, sem trela nem fiscela. Ficar calado ou escrever histórias aqui e ali pode ser uma estratégia para evitar que sejamos atacados, mas não sei se sempre funcionam.

      Noutro dia, um amigo leu-me um texto no blogue, reconheceu-se na história e ameaçou nunca mais falar comigo. :-/

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      1. é isso que tentei dizer, vejo tantas zangas, tantas irritações (declaradas ou não) por coisas que na minha opinião não justificam tanta irritação, uma opinião ou reparo não deveria ser motivo de zanga

        E depois as coisas que são mesmo graves ninguém liga

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