O primeiro ano de vida

Sábado, 13 de Maio de 2023.

Piloto completou oficialmente um ano de vida.

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25 de Abril não é uma simples efeméride histórica.

Lisboa, abril de 2023, vigésimo quinto dia.

No ano passado e no antecedente, não fui à marcha do 25 de Abril, mas, neste, qualquer hesitação foi contrariada pelos passos decisivos que mais uma vez me levaram à Avenida da Liberdade num dia que não pode ser tratado como uma simples efeméride histórica. Os problemas corriqueiros de uma vida porventura precária não nos podem impedir de celebrar as conquistas de ontem e de lutar para superar os desafios de agora. Novas conquistas virão. Disto estejamos seguros, desde que nos esforcemos para alcançar nem que seja um pouco mais de existência, nem que seja uma nova consciência de nós mesmos, nem que seja um estado de espírito pacificado, nem que seja um alento de resistência e transformação.

Saí para pelo menos ver um pouco da marcha e respirar o 25 de Abril que se renova a cada ano. Não voltaria para casa antes de cumprir a missão. Parti. Entretanto, no meio do caminho havia um pombo. Quando passava pela Rua da Bempostinha, vi um pombo na passadeira, quase à entrada de um prédio, um pouco à sombra. Caminhava com alguma pressa e deixei-o para trás. Mas, mais adiante parei e voltei-me. Ele estava sereno, parecia abrigar-se na última réstia de sombra que lhe seria possível para viver os últimos minutos de vida. Estava muito ferido. Na cabeça havia qualquer coisa como um furo com secreções. Percebi isto, quando retornei e, com algum cuidado, apanhei-o. Levei-o até ao Campo Mártires da Pátria, onde o alberguei à sombra de uma árvore, à margem de um dos lagos. Julguei que não tivesse forças para voar nem mesmo andar. O bicho apressou-se em beber água. Ajeitei-o para evitar um afogamento. Acomodei-o da melhor forma possível e segui o meu caminho.

Estava um dia soalheiro. No Jardim do Torel, muita gente com pouca roupa, a ler, a conversar, a banhar-se na piscina. Entrei por um lado e saí por outro na Rua das Pretas. Quando pus os pés na Avenida da Liberdade, uma emoção forte visitou-me, o peito apertou e tive de segurar-me para não chorar na frente de todos, mesmo estando sozinho. Tem sido sempre assim no 25 de Abril.

Procurei a sombra de uma árvore e fiquei a observar a multidão a vir da zona do Marquês de Pombal como se buscasse desaguar na Praça dos Restauradores. Provavelmente alguém seguiria até ao Tejo. Mudo-me de berma e, sob a luz solar, mesmo com a minha fotofobia, ponho-me a sentir a multidão fluir e fruir.

Em anos anteriores acontecera de imiscuir-me e anónima e solitariamente deixar que os pés me levassem ao som de Zeca Afonso desde um alto-falante, de um carro de som ou das tantas bocas que se juntavam numa coletividade esperançosa de democracia, fraternidade e melhores condições de vida para todos e todas. Sabemos que há sempre desarmonias em meio a mais densa harmonia de um dia como estes. Há gente a olhar para o próprio umbigo e a borrifar-se para o do próximo. Apesar disso, Zeca Afonso parecia conseguir colmatar o espaço deixado pelas descoincidências de feitio, ideologia, procedência que afastariam uns corpos de outros num dia que, como disse, não era nem será uma simples efeméride. O aperto no peito e os olhos a quase transbordar sempre lá estavam comigo.

Neste ano, pus-me à sombra de uma árvore que não era uma azinheira, mas que me abrigou do sol intenso, para de novo sentir a emoção, o aperto no peito e os olhos marejarem. Nunca vi tanta gente num 25 de Abril como neste ano. Muitos atenderam ao chamado para exercer um grande princípio democrático, a liberdade de expressar-se e o dever de resguardar o direito dos outros e das outras de fazer o mesmo. Digo isto a pensar na expressão da voz, mas não só, pois hoje vi grupos a fazerem-se representar e a representar-se através das suas vozes, dos seus corpos e dos seus movimentos. Este direito deve ser exercido e respeitado, sem que, ante a controvérsia e as diferenças de opinião, alguém se incomode e tente restringir a voz alheia, seja batendo na mesa seja esperneando como criança mimada.

Neste ano, em que o dia se fez controverso, este atender ao chamado de ir à Avenida, de marchar, de cantar, de gritar, de ecoar palavras de ordem, desordem e esperança parece-me capital ante uma comunicação social que insiste em flertar com o fascismo. Neste dia de celebração de Abril, jornalistas preferiram ignorar o respeito à democracia e aos resistentes capitães de Abril. Esses preferiram cobiçar quem nega os princípios da Revolução dos Cravos e usa a democracia para nutrir o embrião do fascismo. Talvez por isto também me tenha apressado a alcançar a Avenida da Liberdade neste 25 de Abril. Na televisão a opinião de quem tenta enxovalhar a República estava a ser propagandeada como se fosse uma voz sensata e honesta a acusar de desonesto alguém que nunca fugiu à responsabilidade de cuidar do seu povo e que, por isto, tirou milhares dos seus cidadãos do mapa da fome. Na televisão a opinião de quem anda de mãos dadas com grandes corruptos é propagada como se fosse um tratado anticorrupção. Insistir em ficar na frente do ecrã e contribuir para a audiência de quem contemporiza a renovação do fascismo corriqueiro do dia-a-dia é negar Abril e tudo o que esse gerou para todos e todas nós, indivíduos portugueses e de outras nacionalidades que hoje habitam este país.

Por tudo isso, quando vi gente a pulular em cada canto da Avenida da Liberdade, o aperto no peito deu lugar a uma alegria, a um contentamento, a um alento democrático. Foi o 25 de Abril mais colorido que até hoje testemunhei. A marcha evidenciou-se pela polifonia e pela multiplicidade de cores. É facto que as diferenças e as desigualdades insistirão em separarmo-nos a todos no dia-a-dia, dia a dia. Mas neste 25 ocupámos a ágora, tomámos o espaço público, fizemo-lo coletivo, assumimos a liberdade como nossa e fizemo-lo com ganas de justiça social.

Praticamente todo o tempo que estive na Avenida da Liberdade, fiquei nas proximidades da Rua das Pretas. Fiz umas fotografias amadoras com o meu telemóvel para guardar de lembrança, mesmo sabendo que a memória será a melhor caixa-forte para revisitar esta experiência.

Ao regressar à casa, vi de novo gente com pouca roupa no Jardim do Torel, a conversar, a ler, a beber, a banhar-se de sol e na piscina. No Campo Mártires da Pátria, voltei ao mesmo sítio onde pusera o pombo ferido. Ele já lá não estava. Espero que tenha reunido forças suficientes para andar e voar.

O pai é o mesmo. O que muda é o nome.

Hoje estive a conversar com o meu gato, o Piloto, a tentar explicar-lhe que, afinal, o seu pai não era Ronaldo. Ele, como o faz comumente, olhou-me com um ar esfíngico e como se me dissesse: “Haja paciência!” — compreendi. Então, para quebrar o gelo, disse-lhe: “Afinal, o pai é o mesmo. O que muda é o nome.”

Há coisa de dois dias, consegui entregar o Ronaldo para a esterilização. Era uma meta já de longa data. Nunca soube como ele chegou ao pátio. De início, pensei que tivesse dono, mas vivia sempre por aí, aqui e acolá. Então, cheguei à conclusão de que, mesmo que um dia tivesse havido, atualmente um dono já não existia, pois Ronaldo vivia como gato vadio.

Vadio de facto Ronaldo era. Espero que isto venha a mudar dentro de poucos dias. Estava sempre no cio e sempre disposto a fornicar e sempre fértil. Fecundou a Georgina pela primeira vez, tiveram três, pela segunda vez, tiveram seis, e, pela terceira vez, tiveram cinco. Contabilizando: Ronaldo + Georgina + 3 + 6 + 5 = 16.

Sim, uma família de dezesseis membros e membras, que estava a crescer, a multiplicar-se quase como coelho. Ronaldo não respeitava mãe nem filha. Espero que isto mude. Da segunda cria, havia uma fêmea linda, uma tartaruga, uma tricolor padrão, à qual o Ronaldo não resistiu. Um caso de pedofilia fora da igreja, mas mesmo no ceio da instituição família. Um caso de incesto. O pai fê-lo quando a mãe estava a cuidar dos últimos cinco filhotes, ainda recém-nascidos. A filhota tartaruga, violada pelo pai, foi emprenhada e transportava para lá e cá quatro pequenitos dentro de si.

A família, a colónia cresceria. Seriam vinte, se não fossem os raptos e o aborto forçado. Dos dois primeiros partos quatro filhotes foram raptados, digo, adotados. Ainda bem que o foram! Mesmo que eu tenha sofrido, hoje compreendo melhor a situação e apenas torço para que estejam bem, assim como está o meu filhote, um dos primeiros rebentos do casal. E recentemente a filhota tricolor foi forçada ao aborto e à esterilização.

Depois dos infortúnios e dos fortúnios, a colónia reunia onze. Estava a caminho dos quinze, mas a captura da gatinha tricolor impediu que esta fosse mãe e sofresse as agruras de viver ao léu e sem um cuidador humano responsável. Já eram onze gatos na colónia do Ronaldo e da Georgina. Ainda hoje, dois faltam ser capturados para a esterilização e a desparasitação necessárias.

A operação de controlo da colónia de gatos do pátio já veio tarde, mas poderia ter sido mais tarde e, portanto, pior. Então, mais vale tarde do que nunca. A operação foi posta em prática há poucos dias e está a surtir efeito positivo. Os gatos estão a receber atenção. A colónia está a reduzir-se, digo, a descentralizar-se e — espero eu — a encontrar possibilidades de uma vida digna. A Georgina merece uma vida melhor para si e os seus! Foi para uma associação com os cinco recém-nascidos, que já podem ser adotados por pessoas humanas. Eles merecem.

A tricolor é agora uma mocinha esterilizada e com chip. Daqui a alguns dias, voltará para o pátio e ficará sob os cuidados de uma vizinha. Um bonitinho preto com branco também voltará para o pátio. Espero que, junto com dois restantes, consiga ser adotado por alguém. Ainda me preocupo com a Georgina, mas tranquiliza-me saber que está numa quinta, aos cuidados de gente honesta e humana.

Ronaldo, o emprenhador do pátio, talvez tenha sido a maior surpresa desta operação. Hoje, depois de dois dias que consegui entregá-lo para a esterilização, depois de dias e mais dias a limpar a sua urina ativa e fedorenta, pois nestes dias se encontrava no seu estado natural, no seu cio eterno, a violar a Georgina, a coitadinha, mesmo quando esta se esforçava para nutrir-se para nutrir a prole… Hoje, apareceu o dono do Ronaldo. Sim! O dono! Hum, hum, hum… irresponsável. Veio a dizer que, sim, o gato era seu e que, não, o gato não se chamava Ronaldo, mas, sim, Félix.

cassioserafim.com

Fiquei confuso. E perguntei-me o que fazer depois de um ano a tratar o Ronaldo por Ronaldo, a dizer ao meu filhote e à Georgina isso e aquilo sobre o Ronaldo, a sofrer com a Georgina a ausência do Ronaldo ou à sua indiferença. Agora, vem-me um homem da rua ao lado a dizer que o Ronaldo já era seu, Félix já tinha dono. E agora?

O tal dono do Ronaldo… Ops, tenho-me de acostumar com o novo gato no corpo do antigo. O tal dono do Félix somente se deu conta do sumiço do gato depois de as filhas pressionarem o pai a procurá-lo na vizinhança. Hum, hum… irresponsável. Mas o importante é que, daqui a alguns dias, Ronaldo voltará para a zona. Voltará Félix, com chip em nome do tal senhor, esterilizado, desparasitado.

E o meu Piloto continua a olhar-me com um ar esfíngico. Talvez me queira dizer que nem Ronaldo nem Félix, pois, afinal, o pai tem um nome na linguagem dos felinos. E como não vou mesmo perceber, ele nem se dá o trabalho de dizer-mo.

Quarentena: nota quatro

#FiqueEmCasa, mas, quando você vive em uma casa partilhada com outros estudantes ou trabalhadores cujas atividades foram temporariamente suspensas, estão todos juntos a respirar os mesmos ares ao mesmo tempo e por longas horas. PERIGO!

#FiqueEmCasa, mas, quando você divide o quarto com alguém nessa casa partilhada (qualquer coisa como uma república estudantil ou um albergue), ares e gases a circularem livremente, você confinado, PERIGO! PERIGO! PERIGO!

Quem consegue manter-se isolado e seguro em “hashtag”, aliás, em confinamento?

Quarentena: nota três

#FiqueEmCasa tem sido nestes dias de pandemia a “hashtag” mais popular, mas converte-se em algo muito maior do que uma “hashtag”. Parece uma ação de guerra, de ataque, de sobrevivência e de salvação. Mas quem será atacado? Quem será salvo? PERIGO! PERIGO?

#FiqueEmCasa simboliza os esforços das autoridades políticas e sanitárias para evitar a propagação de um vírus altamente transmissível e danoso ao sistema imunológico dos seres humanos, indivíduos em sua maioria política e economicamente cada vez mais fragilizados ou até impotentes, e do grande deus-satanás, o Mercado, um espectro, um sujeito omnipresente.

Mas quem será salvo primeiro? E quem (não) será salvo?

Segundo os bitaiteiros neoliberais de plantão, o jeito é salvar o Mercado primeiro e, depois, alguns indivíduos para suarem o suficiente a fim de proteger as fortunas daqueles que estão bem protegidos sob as asas do deus-monstro.

#FiqueEmCasa, mas, quando você não está debaixo das asas do Mercado, PERIGO!

Novidades (Resposta a um e-mail)

Os dias continuam fúnebres, principalmente quando me chegam notícias da outra margem do Atlântico.

Os dias ficam mórbidos, quando recebo notícias de dentro de mim todo santo pandêmico dia.

Pronto.

É isto.

Estou bem.

E tu?

***

P.S.: estou a ler Kwame Nkrumah numa versão portuguesa de 1977, o único traduzido até então. A África deve unir-se é o primeiro título que levanto na biblioteca pública.

P.S.: ah, e tenho cada vez mais raiva das burguesias, as locais e as transnacionais; sempre com arroubos impróprios, terminam por trair a causa operária e mais e mais vezes se metem sob o chinelo e o chicote imperialistas.

P.S.: estou cansado dos Estados Unidos. Até quis muito que Trump ganhasse. E tudo o que eles necessitam é de um egocêntrico para destruir a sua democracia ditatorial (ou seria uma ditadura democrática?) que nos impingem a todos.

P.S.: e o Brasil? Quando me permitirá voltar?

Anojamento da Justiça


nem alegrias
nem tristezas:
aquando
juízes trabucam como
atalaias e verdugos
à mercê dos imperialismos,
aparentemente caducos, mas,
a todo momento,
de sobreaviso para o bote.
(E sempre haverá a chance de mais um,

o próximo golpe.)


nem alegrias
nem tristezas:
aquando
magistrados tramam
ódios contra
os pobres,
os oprimidos,
os subalternos e
os seus parcos representantes.


nem alegrias
nem tristezas:
aquando
togados se convertem
nos mais vis
comissários da desordem.


nem alegrias
nem tristezas:
aquando
os forenses pelejam
para encarcerar
a esperança.


anojamento da Justiça.

Quarentena: nota 366

Passava-se quase uma hora do fim do ano. Quase uma hora passava-se do novo ano a correr. Dei-me por mim a pensar desde quando vivia a pandemia. Foi aproximadamente a essa altura no ano que findou quando soube através do noticiário que um novo vírus surgira em uma cidade chinesa. Nada parecia pandemia nem mesmo epidemia. Mas tinha em mim qualquer coisa, qualquer vírus, qualquer surto sensitivo que me alertava.

A 2 de janeiro de 2020, um amigo chinês regressou a Portugal: não vinha de Wuhan, mas vinha da China. Queria ver-me, queria vê-lo. Perguntava-me à altura: “E o vírus?” Facto é que o nosso reencontro veio a correr quase três meses depois.

Meados de janeiro, contactou um senhor estadunidense interessado em aulas privadas para exercitar a língua. Falava português e queria praticá-lo. Perguntava-me à altura: “E o vírus?” As aulas deram-se na primeira semana de fevereiro. Ainda não se usava máscara na rua. Eu prendia a respiração, sempre que podia.

Antes disso, estive a dar lições para um senhor inglês, que estava em trânsito entre Londres e Lisboa. O vírus já tinha sido detetado no Reino Unido. Pedia-lhe sempre que lavasse as mãos ao chegar para a lição. Eram bons momentos de interação e aprendizagem, até que anunciaram o primeiro estado de emergência. Nunca mais o vi.

Já era abril. Confinamento-sim, confinamento-não… A anormalidade das restrições normalizava-se, assim como a escassez de trabalho e as escassezes. Nada de revisão, de aulas, de check-in… Um telefonema trouxe a promessa de mudança. Um senhor do Nepal queria lições de português para ele, a esposa e a filha. Tinha de ir à sua casa. À altura, não mais me perguntava: “E o vírus?” Eu usava máscara e lambuzava as mãos com álcool, sempre temeroso de que um fumante se aproximasse de mim.

Foi assim que cheguei à sua casa no Rego, com máscara na cara. A surpresa era não três, mas quatro alunos, dois dos quais pertenciam ao grupo de risco: o pai, septuagenário; o filho, obeso, fumante, sedentário. Desde o primeiro encontro, percebi a má vontade em usar a máscara, mas protegiam-me: punham a máscara após a minha entrada no apartamento. As lições corriam bem, até que um dia espirrei. Nunca mais os vi.

Início de dezembro, o amigo chinês e eu encontrámo-nos. Defendera a sua tese de mestrado e alcançara uma boa nota: uma ótima notícia. Estaria de regresso ao seu país dentro de poucos dias. Comemos chocolate e tirámos fotos. Talvez não o veja mais.

Dezembro, o estadunidense das aulas de fevereiro escreveu-me a contar como fora especial a sua consoada na companhia do marido. Perguntou-me como tinha passado. Disse-lhe na companhia de duas gatas. Perguntou-me o que comera de especial. Disse-lhe “um ovo”. Não me disse mais nada. Mas que raio de gente que pensa que jantar de Natal tem de ter uma mesa de abundância e desperdício?!?!

Última semana de dezembro, últimos dias de 2020, uma pessoa próxima — daquelas que sempre dizem que nos vão telefonar, mas esquecem e nós até lhes agradecemos o esquecimento, por termos nenhuma novidade nem mesmo paciência para falar — mandou-me mensagem a perguntar onde eu passara a véspera do Natal. Disse-lhe “em casa”. Ela seguiu: “Por opção?” Perguntei-lhe: “Não há pandemia por aí?” Antes de instalar-se o silêncio, recebi “kkkkkkkk”.

Já lá se foi o primeiro ano de uma pandemia vivida.