Querido amigo,
Hoje é um dia muito especial para você. Sei que está entrando para o grupo dos balzaquianos. É o momento ideal para receber uma lufada de esperança e coragem para seguir em frente. Daqui a pouco tempo, já não poderá gabar-se de ser o mais jovem entre os nossos amigos.
Quero desejar-lhe toda a felicidade do mundo. Você merece-a. Eu sei, porém, o quão generoso você é. E, então, dividirá essa felicidade toda conosco.
Vou esperar o convite para celebrarmos.
Abraços,
Seu amigo Serafim.
Lisboa, 13/01/2016PS.: ah, Feliz Aniversário!
Cartas
Primeira Carta à Senhora Doutora
Lisboa, 25 de Outubro de 2015
Prezada Senhora Doutora Maria Divina Galdéria Soez,
Doutora Soez, eu iniciaria esta carta indagando-lhe como a senhora está, pois, naquele dia, dizia-se esfalfada devido ao trabalho. Lembro-me de que se queixava do acúmulo de tarefas. Prefiro, entretanto, supor que a Doutora está cansada, muito fatigada, assaz exausta. Não me entenda mal, mas a palavra mais pronunciada naqueles poucos minutos em que estivemos juntas foi “cansada”. E, quando recordo outros encontros nossos, com ou sem a presença de terceiros, a menção à fadiga mostra-se a sua marca registrada.
Com todo o respeito que tenho pela senhora, permita-me falar algo. Quem de nós não estaria cansada com tantos livros a ler, com tantas palavras a pensar, escrever, digitar, concatenar ideias em laudas quase sem fim? E, para enfastiar, eu gostaria de aludir às nossas vidas privadas: os afazeres domésticos, o cuidado com as crianças, as nossas demandas mais íntimas.
Todas nós, profissionais da educação, independentemente da função que exerçamos, podemos estar física e mentalmente estafadas, penso eu. Mas será o cansaço (E nem falo da exaustão total!) algo que nos torne especiais? Será este facto tão importante para ser mencionado nas inúmeras vezes em que esbarramos com colegas de trabalho e, talvez, amigos? A Doutora já se questionou sobre o efeito das suas falas enfadonhas e circulares? E sobre a imagem que os seus interlocutores constroem da senhora?
Ah, Doutora, se eu fosse sua amiga! Mas, como eu não tenho intimidade, restam-me as perguntas. Se eu fosse sua amiga, eu seria tão sincera com a senhora. A Doutora Galdéria Soez nem imagina quão sincera eu seria.
Despeço-me com votos de felicidade. Escrevi-lhe para transmitir o meu apreço e expressar o prazer em reencontrá-la neste atual antigo império colonial. É sempre interessante cruzar com a Doutora no Instituto de Estudos Avançados e Pesquisas Úteis em Temas Aleatórios, como sucedeu noutro dia. Espero vê-la outras vezes.
Melhores cumprimentos,
Bárbara Egrégia Faúlha, Ms.